HR faz captação de órgãos de mulher que foi vítima de acidente de trânsito 13/03/2014 - 11:10

Niomar Pereira.

Transplante de Orgãos

O Hospital Regional Wálter Alberto Pécoits, de Francisco Beltrão, realizou ontem, 11, a segunda captação de órgãos desde que abriu suas portas em fevereiro de 2010. A paciente Rachel Lucheze Berto, 20 anos, teve a morte encefálica confirmada no dia 10, segunda-feira, às 20h50. Segundo o diretor-geral, Eduardo Cioato, o óbito foi constatado por uma junta médica que seguiu o protocolo internacional de doação de órgãos.

Cerca de 30 profissionais, incluindo equipes médicas de Francisco Beltrão, Curitiba e Pato Branco, trabalharam intensamente na manhã de ontem para viabilizar o transplante, com apoio do transporte aeromédico (helicóptero e avião) do Governo do Estado do Paraná. Foi retirado o coração, que foi para um paciente de Pato Branco, o fígado e os rins, que foram para Curitiba, e córneas para Cascavel. Segundo Cioato, também havia possibilidade de doar o pâncreas, contudo, não existia receptor na fila de espera. 

 

O acidente

Rachel foi mais uma jovem vítima de acidente de trânsito nas estradas do Sudoeste. A tragédia aconteceu na rodovia PR-281, no trevo do Alto Bela Vista, em Dois Vizinhos, no anoitecer do domingo, dia 2. O Pálio, do qual ela era passageira, se envolveu em um acidente com um Santana. A moça estava grávida de 36 semanas e foi socorrida às pressas no Hospital São Judas Tadeu, de Dois Vizinhos, onde passou por uma cirurgia cesariana de emergência. O bebê foi levado com vida para o Hospital Regional, mas no dia seguinte, 3, acabou morrendo. Desde então, Rachel permanecia internada em estado grave no HR.

Cioato explica que o diagnóstico seguiu um rigoroso protocolo internacional, que é aprovado pelo Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina. A família foi comunicada sobre o quadro irreversível e autorizou a doação dos órgãos. “Não é um procedimento simples. Não se pode simplesmente dizer que houve a morte encefálica e fazer a doação dos órgãos. Tem que respeitar alguns critérios como avaliações do médico intensivista da UTI, de clínico geral, de cirurgiões, além de uma bateria de exames de diagnóstico como tomografia, eletroencefalograma e ecodoppler transcraniano que vai dizer se há atividade cerebral ou não”, explica.

 

Importância da doação

O gestor Eduardo Cioato afirma que, quando surge a possibilidade de doação de órgãos, é feito um trabalho de conscientização da família. É um momento difícil, no entanto, é um ato de solidariedade porque vai oportunizar esperança de vida para outras pessoas.

“É uma iniciativa digna e importante desta família, ainda mais em uma região como a nossa, que ainda não tem esse hábito. Aqui em nosso hospital é apenas o segundo movimento de transplante. Hoje, quem decide sobre a doação é a família, porém, é importante que ocorra uma conversa entre os parentes para saber se a pessoa, enquanto viva, gostaria de doar seus órgãos em uma eventual fatalidade”, conta.

De acordo com ele, apesar de o Paraná ocupar o terceiro lugar no país em doação de órgãos – em 2010 era apenas o 17º –, ainda há uma fila muito grande de pacientes que aguardam por transplante de órgãos, especialmente coração, fígado e rins.

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